quinta-feira, 9 de abril de 2009

Coisas remexidas

Desde que estamos geograficamente mais próximos evitamos e demoramos a deixar que os nossos olhares se cruzem. Nem sabemos se entre nós existe compreensão e simpatia ou ódio e angústia. Paixões geram sentimentos adversos e, mesmo depois de extintas elas deixam marcas profundas. Não fomos um Garret e uma Catherine mas estivemos no mesmo leito de paixão, partilhando amor, carinho e compreensão.
O meu coração ainda dispara quando vejo o teu rosto no meio da multidão, e mesmo que não dispare o sentimento deixa-me aturdido. Apesar do tempo que passou ainda te destacas pelo meio das outras pessoas. Ainda que já nem saiba muito bem o que significa esta réstia de sentimento que me aquece o coração como uma doce e suave brisa de Verão, existe significado em ti e na tua presença. Apesar de o mundo se ter virado, de estarmos ambos um pouco diferentes e de provavelmente já nem nos conhecermos, tu foste a minha primeira mulher e isso nunca me sairá da cabeça, muito menos do coração.
As coisas já não são o que eram, nunca como tal voltarão a ser, no entanto não esqueço que foste tu a primeira mulher a aceitar o meu amor que durante anos fabriquei em sonhos e guardei a sete chaves para alguém especial. E isso tem significado para mim, muito significado e muito valor.
Além da tristeza pela forma como tudo acabou, sinto também uma sincera pena de ter tido tão pouco tempo para te mostrar todo o meu eu, e pesa-me que não exista uma segunda oportunidade para mostrar a minha nova pessoa. Nestes jogos as oportunidades são poucas e eu esgotei a minha única.
Tu ligaste-me ao mundo e fizeste-me viver um sonho. Agora depois de ter viajado, de ter conhecido outras terras e outras gentes, vivo e anseio por me agarrar a este chão novamente. E nada melhor para me agarrar como a paixão por um filho do diabo, uma mulher.
Ainda que não sejas tu (porque mesmo muitos dos meus fortes sentimentos já se dissiparam) espero outra lua para acompanhar o meu céu estrelado de sonhos.
Espero de braços abertos novamente um coração, seja ele qual for, que me agarre a este chão e me faça levitar da terra.
Alguém me ensinou a seguir em frente (e já era mais que tempo de isso acontecer) e pretendo tomar esses ensinamentos como correctos e pô-los à prova.
Mais que um ex-apaixonado, sou agora um coração aberto em busca de outro sol radioso.

Pego nas chaves do carro e saio. Visito aquele penedo que é chamado “da saudade”. Indo sozinho ou acompanhado, sempre me abstraio do mundo real para os pensamentos, como sendo o dono do mundo, daquela visão, e, naquele sítio mais que belo, sonho por entre os telhados de Coimbra e as sombras da cidade da paixão que um dia terei novamente direito a acreditar e que terei de novo alguém a quem dedicar as minhas palavras que não o vento.
Memórias guardo-as com a nostalgia de tempos que me levaram ao expoente máximo da felicidade. Sonhos guardo-os junto com a ambição de ser cada vez mais um homem melhor, com alguém ou sozinho.