terça-feira, 29 de julho de 2008

A missão é apenas um dos objectivos



Acordar difícil, despertar atribulado. Subo a rua rumo à minha missão sob um forte sol que me faz vergar o olhar e a cabeça na direcção do chão, posição humilde a que o sol me remete, não podia ser coisa fraca a fazê-lo!Estou pronto. Tenho a mente naquilo que são os meus objectivos, já metidos na cabeça não os consigo tirar. Se ia nervoso, a brisa que pela janela entrava fazia-me relaxar perante um calor que dava mostras de se querer fazer sentir. Chegado ao objectivo o silêncio envolvente apodera-se de mim numa sensação inebriante de calma e harmonia. Brilha o mesmo sol que da outra vez na sua alegria egocêntrica de quem não liga ao que vem de baixo, de quem não sabe das tristes novidades mas que também não se importa minimamente com isso. Apesar de respirar tranquilidade revejo sombras do passado que me fazem chorar a alma, podia agora carregar-se o céu de nuvens para não ter que testemunhar um estado constantemente alegre do qual não faço parte, e para chorarem comigo.Entrando nos claustros, parei. Apático procurei encontrar significado no que via e inteirar-me da forma de concretizar os objectivos colocados em mente. Juro que se não fosse pela pressa teria ficado ali todo o dia a observar os pequenos detalhes e a história antiga ali presente, escrita pelo nome dos mortos sepultados. Coração cheio, alma mais rica, valeu a pena mesmo só aquele pouco tempo. Seguindo caminho entreguei a encomenda e a mensagem do remetente. Um silêncio profundo e um sorriso bondoso talhado nos seus lábios deram-me a confirmação de que a proposta seria aceite. Não podia desconfiar da caridade de alguém que carrega Deus ao colo e sorri também eu quando soube o seu nome, um sorriso de agradecimento e de quem chora por ver alguma esperança. Sorri porque acredito que a Vitória caminha ao meu lado nesta luta e me vai ajudar a vencer. Deixei a minha marca sob a forma de assinatura e saí com vista a seguir caminho pelo resto do meu dia que se vê controlado pelo tempo.A tentação de um pequeno desvio concretizou-se e fui presenciar sorrisos que me contagiaram, sorrisos de quem assiste pela primeira vez a um belo espectáculo. Apreciei eu também porque vale sempre a pena.Mas um sorriso nunca dura muito tempo, ainda mais facilmente se estivermos sozinhos a ser assolados pelos fantasmas do que já lá vai. As amendoeiras outrora em flor carregam agora uma folhagem vermelha, de um vermelho escuro e soturno que acompanha e testemunha a flor que foi e o fruto que não veio, a tristeza de uma poda sem frutos, de um árduo trabalho em vão. Melhor sorte para o ano, azar o das pessoas que naquela vida não têm assim segundas oportunidades esperando apenas pela Primavera seguinte, porque naquela vida só há uma Primavera e se não houver frutos a árvore por certo seca.Ora sorrio, ora choro, pobres os ricos naquilo a que não dão valor, que os pobres cá são ricos em pobreza daquilo que aos ricos sobra… lá lá lá lá lá…….

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