terça-feira, 29 de julho de 2008

Os pequenos gestos, as pequenas memórias


Estão lá os pequenos gestos. Esses não saem por mais pequenos que sejam, por mais que a memória nos falhe. Estão lá, estão cá dentro. É duro perceber que os sentimentos mudam, que se hoje somos amados, amanhã com muita facilidade poderemos já não o ser. Os sentimentos são assim mesmo alheios a controlo, mas nunca poderemos censurar quem os experimenta. Se hoje são eles, amanhã posso ser eu. Umas vezes duram e preduram, outras vezes podem ser mal interpretados ou simplesmente se desvanecem sem razão. É duro perder um(a) amante, tão igualmente mau é perder um(a) amigo(a). Eu perdi os dois. Quem sabe se apenas por uns tempos enquanto a poeira não assenta, mas perdi. Talvez uma amizade que nunca o tenha sido, mas com forte potencial, com algumas bases. Dói perceber que não temos mais lugar na vida e no coração de alguém muito especial para nós. Alguém especial, raro, alguém capaz de dar verdadeiro valor aos nossos sonhos como conheço apenas mais uma pessoa capaz de o fazer, alguém com jeito para pequenos gestos. Alguém com um coração lindo mas sofrido, marcas da vida.Os pequenos gestos, as pequenas memórias, os passos, esses ficam agora por cá quais fantasmas do passado para me lembrar que neste trilho já alguém caminhou a meu lado e não o faz mais.Não podemos ser sempre felizes, não podemos ser eternamente tristes. Desculpa, tenho pena de tudo acabar assim. Arrisco a dizer que te amei, que te amo agora que sinto e presencio a tua falta, a tua ausência. Não dou crédito ao facto de serem palavras a cair em saco roto, são sinceras. Adeus se assim queres e até quando fores capaz de retomar a amizade. Adorei enquanto durou, também de nada me arrependo.Mas, pelo decurso normal da vida, a actual tristeza terá algum dia que findar, quando os fortes sentimentos forem capaz de adormecer, de desaparecer (para sempre ou para quando estiver escrito), a Fénix renascerá de novo das tristes cinzas em toda a sua oponência e trará consigo uma tranquilidade relutante e temporária. O orgulho me fará erguer de novo os olhos em direcção ao rumo que me espera. “Cabra manca não tem sesta” e o tempo não espera. Outra felicidade, outra tristeza me esperam, um ciclo insaciável que ajuda o mundo a girar, até porque a tristeza de uns é a felicidade de outros. Tenho pena que até a ideia de tão grande sonho se tenha desvanecido com a perda. Um sonho não morre sem deixar marcas e daqui a uns anos por certo renascerá. Esperam-me outros amores e desamores, lições de vida como a que acabei de receber. Verdades nuas, cruas, duras, cruéis, e se é certo que o que não nos mata torna-nos mais fortes, todo esse sofrimento pelo caminho fora revestirá o meu coração de uma força importante.Preciso de tempo para lhe seguir o exemplo e seguir com a minha vida, viver de novo, tempo, apenas algum tempo para que o destino traga a mim experiências que mexam comigo, nova gente, nova vida. Pesaroso, acabrunhado e na esperança de dias melhores, sigo o rumo que o vento me faz tomar, não fosse hoje o primeiro dia do resto da minha vida…

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